Dólar cai a R$ 5,66, com acordo entre EUA e Reino Unido; Ibovespa sobe ao maior nível deste setembro
A moeda norte-americana caiu 1,47%, cotada a R$ 5,6611. Já a bolsa encerrou em alta de 2,12%, aos 136.231 pontos, no maior patamar em oito meses. Notas de dól...

A moeda norte-americana caiu 1,47%, cotada a R$ 5,6611. Já a bolsa encerrou em alta de 2,12%, aos 136.231 pontos, no maior patamar em oito meses. Notas de dólar. Dado Ruvic/ Reuters O dólar fechou a sessão desta quinta-feira (8) em queda, a R$ 5,66, após os Estados Unidos e o Reino Unido anunciarem um novo acordo comercial — o primeiro desde a implementação das "tarifas recíprocas", no início de abril. O novo tratado entre EUA e Reino Unido determina que os americanos manterão uma tarifa de 10% sobre os produtos britânicos importados, enquanto os britânicos devem reduzir as taxas cobradas sobre os produtos americanos, além de fornecer aos EUA maior acesso aos seus mercados. As decisões de juros no Brasil e nos EUA também ajudam a explicar o forte movimento visto na bolsa de valores brasileira, que encerrou em alta de mais de 2%, no maior patamar desde setembro de 2024. Tanto o Banco Central do Brasil (BC) quanto o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) fizeram anúncios que vieram em linha com o que esperava o mercado financeiro. No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 14,75% ao ano — o maior patamar em 20 anos. Também indicou que deve agir com cautela na próxima reunião, com mais "flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica da inflação". O mercado financeiro interpretou o posicionamento como um indicativo de que o BC pode desacelerar o ritmo de alta das taxas de juros na próxima reunião — ou até parar de subi-los —, o que ajudou a impulsionar o Ibovespa na sessão. (entenda mais abaixo) Nos EUA, o Fed manteve a taxa de juros referencial inalterada na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, citando as incertezas causadas pela política de taxas do presidente Donald Trump. Veja abaixo o resumo dos mercados. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair 💲Dólar O dólar teve queda de 1,47%, cotado a R$ 5,6611. Veja mais cotações. Com o resultado, acumulou: alta de 0,13% na semana; recuo de 0,28% no mês; e perda de 8,39% no ano. No dia anterior, a moeda americana fechou em alta de 0,62%, aos R$ 5,7458. a 📈Ibovespa O Ibovespa fechou em alta de 2,12%, aos 136.231 pontos, maior patamar desde setembro de 2024. Durante o dia, o índice chegou a bater a máxima histórica intradiária de 137.634 pontos — ou seja, essa foi a maior pontuação já atingida pelo Ibovespa durante um pregão. O movimento positivo foi impulsionado: pelo alívio externo após o novo acordo entre EUA e Reino Unido; pelos bons resultados corporativos divulgados ao longo do dia; e pela percepção de que o Copom pode trazer uma pausa no ciclo de altas de juros na próxima reunião, a depender dos indicadores econômicos e do ambiente internacional. Entre as maiores altas da sessão, destaque para as ações da Azzas, que subiram mais de 22%. Os papéis da Movida e do Bradesco também figuravam entre as maiores altas do índice no pregão. Com o resultado, o índice acumulou: alta de 0,81% na semana; avanço de 0,86% no mês; e ganho de 13,26% no ano. Na véspera, o índice fechou em baixa de 0,09%, aos 133.398 pontos. O que está mexendo com os mercados? O anúncio de um novo acordo comercial selado entre Estados Unidos e Reino Unido. Além de estabelecer medidas tarifárias, o tratado também estabelece a criação de uma zona de comércio de alumínio e aço e de uma cadeia de suprimentos farmacêuticos segura. Segundo Trump, o acordo deve aumentar a receita externa dos EUA em US$ 6 bilhões e de criar US$ 5 bilhões em novas oportunidades de exportação. Em contrapartida, os EUA deverão baixar as tarifas para a indústria automobilística britânica de 27,5% para 10% e zerar os impostos sobre aço e alumínio. Apesar de este ter sido apenas o primeiro acordo comercial que os EUA conseguiram firmar com um de seus parceiros desde a imposição das "tarifas recíprocas" anunciadas em abril, Trump indicou que tem várias reuniões planejadas para os próximos dias, destacando que outros países também querem fazer um acordo com os norte-americanos. O tratado entre EUA e Reino Unido também foi bem-visto pelos mercados financeiros, que viram o novo acordo e as sinalizações de que Trump conversa com outros países como um possível alívio na guerra comercial imposta pelo republicano. Taxas de juros na mira Outro destaque da sessão foram as decisões de juros por parte do Banco Central do Brasil e do Fed. No Brasil, a decisão de aumentar a Selic nesta quarta-feira foi unânime, a favor de elevar a taxa para 14,75%. O Copom justificou que a incerteza na economia dos EUA, principalmente devido à guerra comercial, é um dos principais fatores que pressionam a inflação no Brasil e levam à alta dos juros. Outro fator é a política fiscal no Brasil, ainda com despesas elevadas. "O ambiente externo mostra-se adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de sua política comercial e de seus efeitos. A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da magnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária", escreveu o Copom. Por fim, o comitê destacou que o "cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação." Segundo Rafael Cardoso, economista-chefe do banco Daycoval, a principal novidade no comunicado está no balanço de riscos da instituição, que considerava mais os riscos econômicos brasileiros do que os internacionais até sua última reunião. "A inclusão da queda dos preços das commodities fez com que houvesse três riscos para cada lado, o que na opinião do BC além de ser riscos em quantidade igual, eles têm o mesmo peso e portanto o balanço passou a ser simétrico". Esse olhar mais atento ao cenário externo (que não recebe interferência dos juros no Brasil) e a falta de sinalização sobre possíveis novas altas nos juros indicam que pode haver uma pausa no ciclo de alta da Selic, explica Cardoso. Daniel Cunha, estrategista-chefe do BGC Liquidez, concorda e comenta que "não há dúvida de que o BC tem se empenhado em pavimentar o caminho para o fim do ciclo de alta nos juros". "A verdadeira questão, no entanto, era e ainda é se os dados sustentariam uma mudança para um ponto de fim mais cedo e mais baixo, ao invés de um ponto mais tarde e mais elevado", afirma Cunha. Esse cenário, somado aos resultados corporativos divulgados ao longo do dia, ajuda a explicar o bom desempenho do Ibovespa na sessão. Nos EUA, foi a terceira reunião seguida em que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) optou por não alterar o referencial de juros. Em comunicado, o comitê afirmou que as incertezas em torno das perspectivas econômicas "aumentaram ainda mais" em meio à política tarifária de Trump. A decisão de manter os juros inalterados nos EUA nesta quarta-feira veio apesar da pressão e das fortes críticas de Trump contra o presidente do Fed, Jerome Powell. Nas últimas semanas, Trump questionou inúmeras vezes o trabalho do presidente do Fed à frente da instituição e chegou a ameaçar demiti-lo, mesmo que o presidente dos EUA não tenha poder para tomar essa decisão. Nesta quinta-feira, Trump renovou suas críticas ao banqueiro central, reclamando que o Fed está se recusando a reduzir a taxa de juros. "Ele [Powell] não está apaixonado por mim". Após o anúncio de juros na véspera, Powell afirmou que a pressão de Trump por cortes nas taxas de juros "não afeta" o trabalho do Federal Reserve. Ele declarou ainda que não tentou agendar um encontro com o republicano. "Nunca pedi uma reunião com nenhum presidente, e nunca pedirei", disse o chefe do Fed, em entrevista a jornalistas. "Nunca houve motivo para eu solicitar uma reunião. Sempre partiu do outro lado." O banqueiro central também observou que a política comercial de Trump continua sendo uma fonte de incertezas e reforçou a necessidade de o Fed esperar antes de ajustar sua política monetária. "Eu não acho que podemos dizer qual será o desfecho disso", disse. "Há uma grande incerteza sobre, por exemplo, onde as políticas tarifárias vão se estabilizar."
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https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/05/08/dolar-ibovespa.ghtml